Pulo do Lobo

Já tinha estado no Pulo do Lobo à uns anos. Foi no verão, ia a trabalho para Mértola, foi de fugida e na altura a queda de água quase não se via nem ouvia. Agora fui no Inverno, ao começar a descer a encosta íngreme, já se ouve o barulho do rio zangado. E o que se vê é de cortar a respiração. Nem pareçe que se está em pleno Alentejo.



No Pulo do Lobo o rio Guadiana é fortemente erosivo, ganha um vigor raramente adquirido, iniciando a escavação do seu leito primitivo e formando uma garganta escarpada de 20 metros de altura. Após se precipitar de cerca de 16 metros de altura sobre o pego do Sável, o rio avança em busca da foz. Por cima deste vale activo, é visível um vale superior mais antigo, registo de épocas passadas em que o rio corria mais alto.
O desnível do Pulo do Lobo formou-se durante a regressão marinha que ocorreu na fase glaciar Würm, desde então o rio procura desenfreadamente estabilizar o seu leito. Nesta procura, vai formando as marmitas de gigante, cavidades circulares na rocha causadas pelo movimento em turbilhão dos seixos e que são dos aspectos geológicos mais curiosos que se podem observar no vale do Guadiana.
Neste local, o rio Guadiana corre sobre quartzitos, rochas muito duras, resistentes à erosão fluvial e responsáveis pela existência das quedas de água do Pulo do Lobo e também pelo aspecto encaixado do rio.
A montante e a jusante, o rio corre sobre xistos e micaxistos, rochas mais brandas e menos resistentes à erosão que estão na origem dos leitos que o rio talhou, sem desníveis tão abruptos como aqui no Pulo do Lobo.



Cá em baixo não se ouve mais nada... só o barulho ensurdecedor das águas revoltas. Os caminhos para cá chegar são difíceis, cheios de lamas e buracos. Talvez por isso não se vislumba ninguém. Talvez por isso a paisagem se mantenha selvagem, intocada. Não posso no entanto deixar de recomendar uma visita e este local, seria egoísmo da minha parte não o fazer...

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