Marrocos (Parte I)


Marrocos tem aquela magia que agarra, encanta, faz querer voltar. Quisemos voltar cinco anos depois, para percorrer outras rotas, conhecer mais, saber mais, sentir mais.
O cheiro, o colorido, a forma de estar e de ser das gentes, em tudo diferente à nossa, causada principalmente pela presença islâmica que por estas paragens não é fundamentalista salvo algumas excepções, claro, são factos por si só tão estranhos e tão diferentes à nossa forma ocidental de pensar e estar, que nos fazem sentir mais profundamente todas as diferenças, a começar por mim mulher, “la gazelle” para os marroquinos, sem opinião, sem poder de decisão. Custa ver as cabeças femininas escondidas e cabisbaixas, os olhares fugidios, a dificuldade do sorriso. Os tempos são no entanto de mudança, as mulheres de Marrocos têm conquistado a pouco e pouco, terreno no activo do país e da própria família.
Partimos de madrugada sem nada reservado, como sempre, só com uma ideia do percurso a fazer em 15 dias de férias. Na mala, o guia de viagem sempre imprescindível, na mão o volante. Fomos de carro, a melhor forma e a mais económica de ir até Marrocos. Ferry de Tarifa para Tânger e um surpreendente pouco tempo de espera para passar a fronteira do lado de lá.
Já em Tânger, surge a primeira alteração à rota. Em vez de seguirmos ao longo da costa Atlântica, quisemos rever a vila azul, Chefchaouen, aconchegada nas encostas escarpadas do Rif, por quem nos encantamos. Correu mal. Esquecemos o clima montanhoso agreste, chuva e trovoada. De cada vez que saímos do hotel apanhámos umas molhas monumentais. A sensação é que Chefchaouen não tem o mesmo encanto, a mesma calma, já não é um oásis azul. Com a vinda cada vez mais frequente de turistas surgem outros aspectos, que sendo em parte inofensivos acabam por irritar pela insistência: Parque? Hotel? Restaurante? Haxixe? Até os lojistas estão um bocado chatos. Reconfortou o jantar no Restaurante Chefchaouen com a simpatia do Mustafá que nos pediu cervejas sem álcool ou uma camisola do Benfica para quando voltarmos a Chef. 
Sem condições para andar a deambular pela bela Medina, partimos no dia seguinte à procura de sol e temperaturas mais amenas. Seguimos em direcção a Casablanca. A viagem foi difícil porque a chuva decidiu acompanhar-nos. Os rios corriam ferozmente levando taludes, árvores e pedras, partes da estrada tinham deslizado mas surpreendentemente estava tudo a ser arranjado, obras por todo o lado. Os terrenos agrícolas alagados faziam a estrada parecer uma ilha, e os marroquinos são loucos a conduzir, sem a mínima noção de civismo mesmo nas auto-estradas. As fotos antigas estão aqui. Estas são uma antevisão de todos os locais por onde passamos.
















É bom viajar assim com a possibilidade de alterar planos, mudar o rumo, ficar mais um dia ou menos um dia do que o previsto, nada marcado, nada reservado, sem horários para cumprir nem obrigações... Saboreia-se mais as gentes e os locais.

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1 Response to Marrocos (Parte I)

  1. Também estive em Marrocos, em Outubro do ano passado:
    http://ateliermartamourao.wordpress.com/2010/10/11/%D8%A7%D9%84%D9%85%D8%BA%D8%B1%D8%A8/

    Fui num sistema um pouco diferente: uma viagem em todo-o-terreno. Não era a minha vontade, mas acabei por ser convencida. Acabou por ser uma experiência interessante, apesar de cansativa!
    Para uma próxima vez também quero ir assim ao sabor do vento e parar em algumas cidades. (eu não parei em cidades nenhumas excepto Marraquexe)