Marrocos (Parte II)

Chegamos a Casablanca já de noite. Apanhamos hora de ponta, muita confusão no trânsito e o facto de termos de estar "com um olho no burro, outro no cigano e nos primos todos", desgasta qualquer um, isto para dizer que era o caos total, com a agravante de os marroquinos gostarem muito de conduzir ao centro e não na sua faixa de rodagem.
É uma cidade gigantesca, chegar ao centro até foi fácil, o difícil foi encontrar o hotel. Depois de muitas voltas aos quarteirões, quase em desespero lá encontramos o dito hotel que afinal estava mal localizado no mapa. A desesperar por um descanso deparamo-nos com um "complète". Caramba que azar. Afinal na rua ao lado havia mais alguns. Bingo. 

O amanheçer trouxe o sol, com o sol veio a descoberta de que Casablanca não é uma cidade bonita, é demasiado ocidental, mas um ocidental desleixado. A arquitectura colonial foi a única coisa que impressinou. Edifícios imponentes que não escondem o passar dos tempos, muitos deles devolutos.
Embrenhamo-nos na Medina, nos Souks (mercados), locais onde praticamente não vagueiam turistas e onde é possível encontrar ainda a essência dos marroquinos comuns. O turismo aqui é diferente, turismo de luxo, de bares, de night clubs. Apesar de não ser a capital administrativa, é a capital económica de Marrocos. Sente-se mais as diferenças sociais entre os habitantes e os contrastes são brutais. Os marroquinos mais abastados são arrogantes e antipáticos, tipo "rei na barriga" e tratam muito mal quem lhes presta serviços.
Persistem por aqui cafés frequentados só por homens que bebem o seu "café au lait" ou "thé à la menthe" sentados em fila, todos virados para a rua. Passar em frente é como andar numa passerelle, sentem-se os olhares a seguir-nos, se uma mulher entra é olhada de lado com desaprovação. A nova geração já se mistura, convive, e a internet é um veículo para muitas conversações e namoricos. Casablanca não vai deixar saudades.














O tempo não está muito estável, volta e meia chove. Surge mais uma mudança de planos, que tal rumarmos a Marrakech? Nunca chove em Marrakech.
Toca a despachar...

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1 Response to Marrocos (Parte II)

  1. Anónimo says:

    Muito interessante o teu ponto de vista sobre Casablanca. Chove em Marrakech, somos testemunhos destes acontecimentos que por sinal não tem grande graça! Marrakech é muito turístico, muito europeu. É a cidade feita para o turista ver.
    Considero Casablanca uma cidade muito interessante embora Rabat o seja ainda muito mais. Entendo a confusão, a desorientação. Tenho amigas marroquinas e tive o privilegio de ver a cidade sobre outros olhos. Não achaste os prédios parecidos com os de Lisboa (anos 50)?