Archive for 2011

Seria uma sapataria? Um sapateiro? Uma retrosaria? A porta fechada não deixa perceber que tipo de loja existiu  ali. Ficaram esquecidos aqueles atacadores nas mini vitrines laterais já desbotados e sujos de pó. Faz quanto tempo estarão por ali a ver o tempo passar? Tempo demais... certamente.

ou Aroeira-pimenteira. Sim, isso mesmo, a árvore da pimenta. Encontrei uma por acaso, apanhei uns bons cachos, entretanto os bagos secaram e agora posso encher o moinho de pimenta e temperar os meus cozinhados com um sabor e cheiro fabulosos.

Numa aldeia onde quase todas as casas têm um forno a lenha, além do pão fazem-se bolos. As Merendeiras são os bolos feitos por altura "de todos os santos", chamados nessa altura de "Pão por Deus" e também na Páscoa tomando forma e nome de "Folar". De todos os fornos saem estes bolos, a aldeia é invadida por um cheirinho bom. Bem pedi à minha mãe a receita, reduzindo as quantidades poderia tentar fazê-los em casa no forno normal apesar de saber que não teriam o mesmo sabor nem aspecto...

A resposta não se fez esperar: - Receita? Ponho os ingredientes nas quantidades que acho correctas (...) à medida que vou amassando. Pois, assim não chego lá. Insisto... Não dá. Resta-me tentar adivinhar as quantidades.

Fermento dissolvido em água morna. Faz-se um buraco na farinha, colocam-se todos os ingredientes e amassa-se com muita energia. Vai-se acrescentando água se a massa estiver muito dura ainda e mais leite se não estiver muito elástica. Dica: A massa das Merendeiras deve ficar mais dura e mais consistente que a do pão (comparando com o pão que ela faz, claro). Vai a levedar aconchegada em lugar longe de correntes de ar.

Quando a massa quase enche a bacia e começa a fazer uma bolhinhas, está levedada. Formam-se as bolinhas, pincelam-se com ovo batido e entram uma a uma no forno que entretanto foi aquecido e preparado.

Isto é trabalho para uma manhã inteira. Logo depois, sai a minha mãe porta fora com algumas merendeiras já embrulhadas para distribuir pelas vizinhas. Passado pouco tempo começam a aparecer as vizinhas, a distribuir as suas fornadas também. Ao final do dia há em cima da mesa uma série de Merendeiras que parecem todas iguais mas que sabem todas diferentes. (Tudo feito com base em anos de experiência) Se as quero fazer, tenho de afinar eu, as minhas quantidades... Quero também eu, partilhar com as minhas vizinhas...

O olhar felino fascina-me. A pose e a elegância também. As correrias de uma ponta à outra da casa levando tudo o que é tapete à frente e o resmungar quando é repreendido, fazem-me rir. O aninhar-se ao meu colo a ronronar enternece-me. O dormir encostadinho aos pés aquece e conforta. Gosto de Felinos. Gosto de gatos.

Já tinha andado por aqui no ano passado, de fugida, voltei agora por uma semana para estar contigo, aproveitando para descansar, para conheçer os recantos e as pessoas... 

Só um pequeno apontamento... de cor...

Ir a pé desde Belém até Algés pela Rua dos Pedrouços não custa nem demora muito tempo. Demorei bastante porque me perdi nos pequenos detalhes que os imensos edifícios abandonados naquela rua ainda ostentam. Uma campainha, um número de porta, uma janela... bem poderia ter demorado horas.

Entristece-me ver tantos edificios devolutos, abandonados à sua sorte... Não precisamos de mais edifícios novos, precisamos de requalificar os já existentes e são tão belos mesmo estando assim,  a definhar lentamente...

Espaços para disfrutar calmamente. Há tanto para ver...

O "personagem" que apareçe nestas fotos, aproximou-se de mim muito zangado, a "falar muito alto". Fiquei por momentos a pensar se seria por estar a pisar a relva fresca, ou se seria por estar em bicos de pés e braços bem levantados a tentar tirar uma fotografia... Olhei para baixo surpreendida pelo ralhete e encostadinho a mim estava ele... no entanto enquanto ladrava abanava o rabo e nos seus olhos não vi nada de ameaçador. Ora essa, este tipo quer é que eu lhe tire umas fotos e lhe faça umas festas, certo? Certo! Além de lindo, era uma simpatia e fez-me companhia durante o resto do tempo que andei por ali...

O sol convidou e eu fui. Fui até Belém, percorri as ruas soalheiras, deliciei-me com "uns" pastéis de nata, descansei no Jardim da Praça do Império, espreitei o Jardim Botânico Tropical. Tanto calor, tanta sombra, tanta gente e água fresquinha.

- Fazes-me uma bolsinha? 

- Claro que faço! Algum tecido em especial? Com que forma?

- Uma bolsa que dê para guardar uns óculos, uma máquina de barbear, um telefone... Escolhe tu o tecido... Faz uma bolsa que me faça lembrar de ti sempre que olhar para ela...

- Ok. :D

Peguei numa série de restinhos de tecidos dos bonecos. Não medi, não fiz moldes, não marquei as costuras, não escolhi que tecido casa com qual. Saiu assim, tosca, rústica, um bocado torta, e colorida o suficiente para dar nas vistas. Gostei da experiência. Nunca tinha feito uma bolsa,  valeu-me o visualizar as sacas da minha mãe.

Dizer que um gato gosta de peixe, carne, leite, seria normal certo? Pois, o Boo também gosta disso tudo. A partir daí começa a lista de coisas menos comuns mas ainda dentro do normal, tipo sopa de legumes... depois vem a lista de coisas nada comuns tais como fruta... sim, é completamente maluco por meloa e papaia.

Pode estar a dormir o mais profundo dos sonos, pode estar a apanhar sol lá fora na varanda, mas a faca numa meloa ou numa papaia, desencadeia-lhe uma reacção imediata... corre, lambe-se, mia, tenta aproximar-se apesar de saber que tem de esperar, levanta a pata, perde a razão e a pose tudo de uma vez...

No fim, sobra só mesmo a casca...  São os gostos do Boo.

Veio em forma de semente, foi colocado num vaso, nasceu, cresceu e floriu... não tem como vista um campo vasto com pinheiros ao fundo, nem por companhia "gente" da mesma família, nem milhentos insectos... vive numa varanda, na cidade...

Pergunto-lhe como se sente... prisioneiro? Responde que não... tem uma vista, visitas de alguns insectos, um gato que lhe mordisca as folhas e um amigo de sempre a quem acompanha todos os dias... o Sol. É feliz sim, nasceu, cresceu, vive, faz parte e partilha da vida de alguém. Será tão simples assim ser feliz? Ou temos a mania de complicar?

Estiveram em tempos ocupadas de coisas diversas, brilhantes e limpas, chamativas em jeito de convite para entar na loja. Agora as portas da loja estão fechadas, as suas vitrines são povoadas por pó e o reflexo é quase imperceptível. Continuam no entanto a chamar a atenção ainda que num contexto completamente diferente...

Será possível que a raça humana só vai descansar quando destruir todo o planeta? É triste, mas acho que sim. Depois de ter visto ontem na RTP2 um Documentário sobre as grandes catástrofes ecológicas desde o início do século passado até aos dias de hoje, desde o fog amarelo em Londres, passando pela utilização desmedida de DDT, Chernobyl, a destruição massiva das florestas e muitos outros, vendo que as simeiras ambientais são mais uma montanha que pariu um rato do que algo onde se resolve alguma coisa, não consigo deixar de ficar deprimida, eu que ao fim ao cabo também contribuo para essa destruição. Logo de seguida vejo este vídeo e fico mais deprimida ainda,  ao saber que Salton Sea nasceu de um erro crasso de Engenharia...