Archive for janeiro 2009

Charme









Considero Mértola uma vila charme. Empoleirada na margem direita do rio Guadiana, foi apelidada de Myrtilis Iulia pelos Romanos, posteriormente foi a Mārtulah dos Mouros, e nos dias de hoje é designada por Mértola Vila Museu. E o peso da sua história faz-se sentir em cada esquina, em cada rua, em cada monumento, em cada edifício. Não bastando a sua riqueza arqueológica existente, recentemente foram feitas novas descobertas numa das suas principais ruas, um mausoléu do século VI d.C. . Mais uma vez se constata que, como em qualquer terra alentejana, a calma, o silêncio e a pacatês, imperam. Olhar o Guadiana lá em baixo, seguindo o seu curso calmamente, leva a perguntar como teria sido quando este ponto de rio, que foi o ultimo porto fluvial interior, estava no seu auge...

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Pulo do Lobo

Já tinha estado no Pulo do Lobo à uns anos. Foi no verão, ia a trabalho para Mértola, foi de fugida e na altura a queda de água quase não se via nem ouvia. Agora fui no Inverno, ao começar a descer a encosta íngreme, já se ouve o barulho do rio zangado. E o que se vê é de cortar a respiração. Nem pareçe que se está em pleno Alentejo.



No Pulo do Lobo o rio Guadiana é fortemente erosivo, ganha um vigor raramente adquirido, iniciando a escavação do seu leito primitivo e formando uma garganta escarpada de 20 metros de altura. Após se precipitar de cerca de 16 metros de altura sobre o pego do Sável, o rio avança em busca da foz. Por cima deste vale activo, é visível um vale superior mais antigo, registo de épocas passadas em que o rio corria mais alto.
O desnível do Pulo do Lobo formou-se durante a regressão marinha que ocorreu na fase glaciar Würm, desde então o rio procura desenfreadamente estabilizar o seu leito. Nesta procura, vai formando as marmitas de gigante, cavidades circulares na rocha causadas pelo movimento em turbilhão dos seixos e que são dos aspectos geológicos mais curiosos que se podem observar no vale do Guadiana.
Neste local, o rio Guadiana corre sobre quartzitos, rochas muito duras, resistentes à erosão fluvial e responsáveis pela existência das quedas de água do Pulo do Lobo e também pelo aspecto encaixado do rio.
A montante e a jusante, o rio corre sobre xistos e micaxistos, rochas mais brandas e menos resistentes à erosão que estão na origem dos leitos que o rio talhou, sem desníveis tão abruptos como aqui no Pulo do Lobo.



Cá em baixo não se ouve mais nada... só o barulho ensurdecedor das águas revoltas. Os caminhos para cá chegar são difíceis, cheios de lamas e buracos. Talvez por isso não se vislumba ninguém. Talvez por isso a paisagem se mantenha selvagem, intocada. Não posso no entanto deixar de recomendar uma visita e este local, seria egoísmo da minha parte não o fazer...

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Mina de São Domingos

A história da Mina de São Domingos é anterior aos tempos do Império Romano, altura em que os trabalhos se intensificaram com a exploração do chapéu de ferro que cobria a massa piritosa, para exploração de cobre, ouro e prata. No século XIX, em 1858, tem início a exploração recente da mina pela companhia Manson and Barry, tendo-se prolongado os trabalhos por mais de um século até 1966, ano de encerramento da mina, após esgotamento do minério.



A lavra da mina nos tempos modernos foi feita a céu aberto até aos 120 m de profundidade, tendo os trabalhos continuado por meio de poços e galerias até aos 400 m.
Durante a lavra, trabalhavam nas diversas dependências da mina uma média de duas mil pessoas. Durante cerca de cem anos foram retirados do subsolo milhões de toneladas de minério, essencialmente pirites de ferro cúprico. Com o fim da mina, a aldeia mineira entrou em decadência.



Nos últimos anos, São Domingos ganhou uma nova animação, principalmente no verão, devido à praia fluvial da Tapada Grande.



É impossível não nos deixarmos encantar por esta terra, o cheiro a eucalipto, a calma, a simpatia dos moradores, a comida, o circuito mineiro a pé ou de bicicleta... Apetece voltar... Apetece ficar...

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Origami

Origami é a arte japonesa de dobrar o papel. A origem da palavra vem do Japonês ori (dobrar) kami (papel), que ao juntar as duas palavras a pronúncia fica "origami". Geralmente parte-se de um pedaço de papel quadrado, cujas faces podem ser de cores diferentes, avançando a dobrar papel, sem cortar. Segundo a cultura japonesa, aquele que fizer mil origamis (tsuru = grou japonês) teria um pedido realizado.



Não sei fazer origami, e para ser sincera nunca me despertou muito a atenção. Esta gueixa linda foi-me oferecida. Olhar mais de perto os detalhes, os tipos de papel usado e a arte em si fizeram com que procurasse saber mais sobre origami. Não estou a dizer que vá passar a fazê-lo, tanto mais que é uma arte de paciência, mas fiquei curiosa. Vou experimentar...

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Troca



Não... Não fui eu que fiz. Este boneco meia veio cá para casa directamente da feirinha do Príncipe Real. Ao lado da minha banca, instalou-se a banca Feltrapilhos. De entre muitas coisas lindas, os bonecos meia despertaram a minha atenção, coloridos, com um ar louco, divertidos, originais, fiquei a namorá-los durante bastante tempo, hehehehe. Surgiu então a ideia: Que tal fazer-mos uma troca? Eu dou um franjuta e tu dás um boneco meia... e foi assim que este veio fazer companhia à bonecada residente.

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Guerra

Ontem fui ao cinema...



É um documentário de animação que relata como o realizador israelita tenta ultrapassar o seu trauma de guerra, após ter participado como soldado na guerra do Líbano e nos massacres de Sabra e Shatila nos anos 80.
Um relato pessoal de alguém que, como qualquer humano, tem medo, sofre ao ver atrocidades, desespera com a visão de mortos e feridos...
Saí do filme a tentar compreender que eles, os soldados, independentemente do país que servem, apesar de tudo, estão só a obedecer a ordens, são novos demais, têm demasiado medo para conseguirem pensar... mas será isto desculpa para as atrocidades que chegam constantemente ao nosso conhecimento? Afinal quem são os bons e os maus? Em meu entender, entre bons e maus, há vítimas, demasiadas vítimas, devido á sede de poder, e á ambição de alguns.
No final, um choque, são mostradas sequências reais, imagens de arquivo como que a dizer... acordem... isto não foi um simples filme de animação, isto aconteceu. E o que é pior, continua a acontecer... Infelizmente.


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